quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Excesso de escravos


Excesso de escravos, pouca aguada e mortandade

Eu El-Rei faço saber..., que, me representaram os moradores da Cidade de S. Paulo da Assumpção do Reino de Angola, em razão de se ter introduzido nelle, depois de sua restauração, despacharem os navios que sahem do porto da mesma Cidade dobradas peças de escravos do que requerem suas capacidades, e que, posto que se faça arqueação de seus portes, é feita por pessoas nomeadas pelos mestres, sem se fazer vestoria da aguada que levam; de que resultam consideráveis damnos, com a morte e perda de tantos escravos em que a tem muito grande os homens de negocio, e os moradores d'aquelle Reino attenuando.se com isso muito o commercio, em diminuição dos direitos de minha Fazenda – E respeitando ao que allegam e informação que sofre a materia mandei tomar – hei por bem, e mando ao meu Governador do Reino de Angola, e ao Provedor de minha Fazenda delle, façam ter particular cuidado e vigilancia no despacho dos ditos navios, para que nenhum possa sahir do porto da Cidade de S. Paulo, sem levar, para cada cem peças, vinte e cinco pipas de agua, bem acondicionadas e arqueadas, e que nenhum leve mais peças do que seu porte podér levar, para que os ditos escravos possam ir á sua vontade, e não haver tanta mortandade nelles. E esta minha Provisão se cumprirá muito inteiramente como nella se contem, etc.

Antonio Serrão a fez, em Lisboa, a 23 de Setembro de 1664. O Secretario Manoel Barreto de Sampayo a fez escrever. – Rei.

JJAS, 1675-1680 (Sup. 1640-1683), p. 271.

 

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