O casamento «gay»

Argumenta a direita reaça, que reage a tudo o que seja progresso nas atitudes mentais e comportamentais dos cidadãos, que apenas meia dúzia de Estados da Europa optaram pela legitimidade do casamento «gay». O sufrágio universal das mulheres foi referendado? O que foi a luta das sufragistas? Os países nórdicos foram pioneiros do voto das mulheres nos inícios do século XX. Quantos eram? E hoje na Europa este voto universal das mulheres alargou-se ou não? Esta direita reaccionária continua a ter os seus afloramentos salazaristas, miguelistas e absolutistas. Já não pegam em armas, mas sim nas canetas da sacristia depois da pregação... A separação Igreja/Estado foi referendada em Portugal? E o casamento civil? E o divórcio? As conquistas democráticas da Europa foram impostas por revoluções e democracias cada vez mais representativas das classes, da literacia/ileteracia e do género. Os referendos serviram aos bonapartistas e a Salazar, tal como têm servido a outros ditadores. Bem dizia Montesquieu, no séc. XVIII, que os direitos das minorias tinham de ser respeitados. E a história da Europa mostra bem como estes direitos políticos se foram afirmando com a inclusão na cidadania de muitos dos excluídos, das classes trabalhadoras e exploradas e das mulheres trabalhadoras, também discriminadas por género.
Em Portugal há que dar mais um passo. Cada pessoa é uma pessoa e a sua vivência é sua e ninguém tem de interferir no seu comportamento com o seu voto impositivo e abusivo.
A Assembleia da República tem toda a legitimidade na aprovação deste diploma. Os referendos estão previstos na Constituição.