O massacre do 0,65
A Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa (SCM ) lançou as raspadinhas
e há gente de fracos recursos que se viciou a comprar dezenas de raspadinhas de
1€. Tornaram-se jogadores compulsivos.
Há quem esteja a acusar a SCM de não aconselhar os vendedores a estar atentos
aos clientes nesta situação de dependência. Prevenir e denunciar. Mas até que
ponto pode um vendedor de papelaria ou quiosque não vender raspadinhas a um
conhecido reformado muito embora o aconselhe?
A SCM
não faz propaganda agressiva para vender as raspadinhas e o que recebe é para
obra social.
Acontece que na RTP /SIC/TVI
se promove uma publicidade impositiva, um massacre mediático na procura de
audiências. «Quanto mais ligar, mais pode ganhar» A 0,65 €/m ligue, ligue...15
mil, 30 mil, 50 mil €. Quanto mais ligar, mais
pode ganhar! É o que se passa no «Aqui Portugal», aos sábados na RTP , com
contaminação ao «Portugal no Coração», no «Portugal em Festa» (SIC), e em «Somos
Portugal», (TVI ). Mais ou menos de 5
em 5 minutos, o público assistente
é submetido a uma pressão directa para telefonar e indirectamente o telespectador.
É um massacre mediático. Jorge
Gabriel e outros apresentadores, os repórteres transformaram-se em feirantes,
vendedores de banha da cobra. Esta bandalheira promocional arrasa todo o
alinhamento da programação, as entrevistas, as reportagens, as pimbalhadas e
durante horas o telespectador de poucos canais não sabe nem pode fugir deste massacre.
Este jogo de «quanto mais ligar,
mais pode ganhar» pode aumentar o número de jogadores compulsivos.
Neste jogo sabe-se quem ganhou, mas não se
sabe o que as TV’s ganharam no excedente de telefonemas a 0,65€/m ao prémio
concedido. E quem beneficiou desse excedente?
A esta rebaldaria mediática, achincalhamento dos jornalistas de
TV’s, massacre dos telespectadores aos 0,65.€/m a Entidade Reguladora da
Comunicação Social nada diz, tal como outras entidades.
O 0,65 é um massacre. Mata que se
farta. Vai tudo para a vala comum com muita audiência.
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