quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dos medos, dos governos e dos tempos

Medo tinha eu quando tinha de receber o Militante e o Avante lá em cima à saída do elevador do Lavra e distribuí-los depois… Medo tive, quando tive de os queimar com medo de uma rusga da PIDE na minha casa. Medo tive nas operações militares contra a Frelimo no Norte de Moçambique, Muaguide e Macomia, com a minha ficha da PIDE sempre às costas. Mas sabia o que me estava a acontecer e porque acontecia…
Hoje vivo sem medos, mas percebo os novos medos…Um medo mais sofisticado… Dos jovens licenciados nos balcões, dos desempregados sem subsídio de desemprego, do medo de ficar sem trabalho e de aceitar o que se lhes oferece para sobreviver... É o medo da fome, que baixa a cerviz de quem trabalha e aumenta o lucro do patrão.
O medo aguça o engenho dos pobres para sobreviverem naquilo que lhes é dado em limite mínimo, mas os pobres não são pobres porque querem ser pobres. A miséria incute o medo e o medo vive da pobreza. O engenho dos ricos está em que nunca tiveram medo de explorar ou intimidar quem trabalha, em especular nos capitais financeiros e viver em paraísos fiscais. E quando a especulação estoira quem paga é quem produz.
Não me exaltem as virtudes do medo no aumento da produtividade, na diminuição da despesa pública e no consumo de sobrevivência das famílias!
Salazar! Salazar!

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