sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Milu, a tremendista

A senhora Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação Nacional, declarou em entrevista, enquanto durava a manifestação de cerca de mais de 2/3 a 4/5 de professores em exercício, (120 mil a 140 mil), que não estava impressionada com a manifestação e que só tremeu quando houve uma ameaça de greve aos exames. O desafio aos sindicatos e aos professores, em geral, está claro: «Façam greve aos exames se forem capazes. Talvez eu trema...», queria a senhora dizer. Será difícil responder a esta provocação ministerial porque, escola por escola , dilui-se o poder colectivo e demonstrativo das manifestações dos professores, se não houver uma forte consciência profissional e reivindicativa.
Ninguém pode impedir os professores de reunir nas suas escolas, nem os conselhos executivos podem ser intimidados por qualquer direcção regional. Perante a tirania ou a lei injusta há o direito à rebelião (John Locke, Segundo Tratado do Governo Civil, 1690) e as minorias têm direito à sua expressão frente à maioria mesmo que absoluta (Montesquieu, Espírito das Leis ).
Acontece que, neste caso da avaliação/memorando/contrato, os professores expressaram maioritariamente o seu direito natural à rebelião nas ruas e estão a fazê-lo nos seus locais de trabalho em deliberações democráticas. Estes autocratas governamentais, mal formados e incultos, esquecem-se da autonomia das escolas, da autonomia das consciências individuais e profissionais dos professores e com discursos autoritários tentam atomizá-los e impedir-lhes a assunção plena da sua já tomada de consciência cívica e colectiva demonstrada em manifestações colectivas. Neste momento, a consciência profissional e cívica dos professores rebela-se nas suas escolas contra memorandos e contratos sindicais porque está em causa a sua dignidade profissional, o seu tempo de trabalho e a degradação do ensino público. Quem não quiser ver isto é cego e vai cair num pântano onde se vai afogar.

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